domingo, 30 de agosto de 2009

SOMBRAS DO MARACANAÇO

1950. Final da Copa do Mundo de Futebol entre Brasil x Uruguai. Havia um contraste na campanha dos dois times. A seleção canarinho chagara à final fazendo ótima campanha. O Uruguai houvera feito uma campanha tímida chegando à decisão como “franco atirador”, por isso a comemoração antecipada do titulo por parte dos brasileiros. Foi feito carnaval antes de o jogo começar, a imprensa, como sempre, levando em conta apenas as obviedades, já havia colocado as faixas de campeã na seleção, mas em campo uma amarga lição: Uruguai 2 x 1 Brasil. A modesta seleção celeste desbancou os favoritos e fez silenciar duzentas mil vozes no maior do mundo. A alegria virou tristeza, o carnaval virou silêncio e decepção. Eis aí, uma das razões que transforma o futebol num esporte apaixonante e mágico – a imprevisibilidade.
Guardando as proporções, o jogo entre Vasco x Ceará nesta sexta-feira, também, no Maracanã (que não é mais o maior do mundo) pela 21ª rodada do campeonato brasileiro da série B, lembra - embora vagamente - aquela partida ocorrida em Julho de 1950, chamada de maracanaço pela imprensa uruguaia.
O Ceará nunca houvera ganho uma partida oficial jogando no Maracanã, vinha de um tropeço em sua última partida diante do Juventude, no Castelão.
Do outro lado, um time motivado, jogando em casa, líder absoluto da Série B. Vinha de duas vitórias: 4 x 0 diante do Ipatinga, no mesmo Maracanã, onde sua torcida proporcionou o maior público das quatro séries do Brasileirão e uma vitória sobre o Brasiliense no Boca do Jacaré.
Mesmo não sendo nem a sombra do time vencendor dos anos oitenta, todas as condições e circunstâncias apontavam para uma óbvia vitória vascaína. O fato de o time cruzmaltino ser tetracampeão Brasileiro (1974, 1989, 1997 e 2000), campeão da Copa Libertadores (1998) e vinte vezes campeão carioca acaba, também, sendo um peso psicológico para seus adversários. Frente a tais situações, quem poderia imaginar um resultado que não fosse de triunfo para o Vasco?
Mas a exemplo de 1950, o imprevisível aconteceu: Vasco 0 x 2 Ceará. O “espírito” do Maracanaço incomodou desta vez, não a seleção, mas a torcida, a crônica carioca e o time vascaíno. O time do nordeste silenciou o maracanã , numa noite inesquecível para a torcida alvinegra, que pôde gritar com voracidade e justiça – O MARACANÃ É NOSSO.



Marcos Antonio Vasco Rodrigues